quarta-feira, 12 de maio de 2010

Deepwater Horizon


Plataforma antes do acidente


O Golfo do México é um local de extração de petróleo bastante movimentado, como o Mar do Norte e a Bacia de Campos. Existem milhares de plataformas naquele lugar, aguentando furacões, ventanias e ondas gigantes.
As leis ambientais para plataformas são bastante rígidas aqui no Brasil e muito mais no Golfo do México. Para que haja perfuração dos poços, vários requisitos ambientais tem que ser preenchidos, para garantir a segurança do meio ambiente diante de uma atividade tão impactante.
Para quem não conhece, as plataformas, depois de vários acidentes, foram melhorando seus sistemas de segurança visando diminuir o risco para as pessoas, equipamentos e meio ambiente.

A plataforma Deepwater Horizon, cuja dona é a Transocean, era uma plataforma novíssima, construída em 2001 com o melhor que a tecnologia da época poderia

oferecer em termos de acomodação, performance e segurança.
O poço perfurado foi um dos mais longos do mundo, com lâmina d´água de 1259m e distância perfurada de 9426m. É muita coisa!
Durante uma atividade de rotina, uma quantidade grande de gás das rochas no fundo do mar, entrou no poço e migrou para a superfície, por diferença de densidade. Ao chegar na superfície, o gás se inflamou e iniciou o que chamamos de blow-out (explosão em inglês). Esse blow-out pode ser contido com um equipamento chamado BOP (Blow-out preventer = preventor de explosão). Porém, até hoje, ninguém sabe porque esse equipamento essencial não funcionou. Ele possui várias redundâncias de segurança e até agora nada foi capaz de fazê-lo funcionar.

A plataforma estava sendo operada pela empresa BP (British Petroleum = Petroleo Britânica). Devido a esse desaste monstruoso, suas ações despencaram e as estimativas de custo total com limpeza e processos pode chegar a 15 bilhões de dólares. A melhor opção hoje para acabar com esse vazamento seria furar um poço aliviador, tarefa que pode durar 2 meses, no mínimo.
Enquanto isso, o poço continuará a jorrar petróleo, pois esses poços tem estimativa de vida útil de alguns anos. A petrobras tem poços que produzem há 20 anos!

Nesse acidente, 2 funcionários da empresa que trabalho e mais 9 funcionários da Transocean perderam suas vidas. Rezo para que eu consiga voltar para casa todas as vezes que deixo minha família e venho para essa "ilha de aço", como são "carinhosamente" chamadas as plataformas. Eu só consigo imaginar o desespero dos que sobreviveram. Espero nunca ter que passar por nenhuma emergência desse tipo. É algo que te marca para sempre e deixa traumas, como dos veteranos de guerra, pois o cenário é igual.

Espero que, como funcionário de plataforma, os procedimentos de segurança sejam modificados para que novos acidentes como esse sejam evitados, vidas sejam perdidas e o ambiente agradece.

Link do blog com mais fotos.

Plataforma afundando. Vejam o estrago!

2 comentários:

  1. Você como trabalhador de um lugar como estes pode dar um testemunho fiel não só dos problemas mas dos medos e tormentos que vocês devem passar! Muito válido!!!

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  2. Ainda não vivo nesse meio, mas em breve participarei dele.
    Tenho orgulho em dizer que minha família hoje respira petróleo, pois é meio muito difícil de entrar e mais ainda de aturar.
    Hoje estou nos Emirados Árabes acompanhando a contrução de uma plataforma parecida com essa que afundou.
    Aqui só tem gente com experiência e o sentimento aqui foi de perda grande, pois poderia ser com qualquer um de nós.
    A cada dia que passo aqui dou mais valor à minha família, meu amor, minhas coisas.
    Parabéns pelo post, em breve poderei contribuir mais.

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